A palavra altar vem do grego e significa “lugar de sacrifício”. Já a versão em latim da palavra – altus – significa “plataforma elevada”. Logo, na antiguidade, o altar é um local elevado, geralmente uma pedra consagrada, sobre o qual se celebravam os ritos religiosos.
Na Umbanda, o altar doméstico desempenha função similar ao congá do terreiro, a sua função é servir como um ponto de forças dentro de uma casa, de modo a renovar e fortalecer as energias do lar e de seus moradores. O altar também é um ponto de aglutinar energias salutares e um ponto de descanso dos pertences sagrados de uma casa, servindo como um ambiente reservado a eles.
QUEM PODE TER UM ALTAR DE UMBANDA EM CASA?
Qualquer pessoa, desde que tenha responsabilidade de zelar por seus cuidados.
É importante salientar que o altar é um local de culto individual, por isso a importância de não haver várias pessoas da família manipulando o mesmo altar.
Para que não haja uma interferência energética, recomendamos que cada membro da família tenha seu altar pessoal, mesmo que modesto.
No caso de crianças, recomendamos que um responsável da família mantenha acesa uma vela de 7 dias para proteção das crianças em seus quartos, havendo a sugestão de oferecer a vela para um santo de proteção familiar, como Nossa Senhora de Aparecida, por costume. A quem tiver problemas com espaço, pode acender esta vela para as crianças no altar de um dos pais.
COMO ERGUER SEU ALTAR
Pela nossa tradição, o altar doméstico pode ser providenciado em cima de uma mesa exclusiva para este fim, ou em demais móveis ou prateleiras na altura de uma mesa ou ainda em prateleiras na altura ou acima da cabeça.
Isto porque simbolicamente trabalhamos no altar as energias mais sutis, voltadas para a orbe celeste.
ESCOLHA DO LOCAL
Quanto ao local da casa a escolher, que seja preferencialmente em um ambiente reservado, para que você possa fazer suas orações sem interrupções e interferências.
MONTAGEM
Não importa o material desta mesa ou prateleira, podendo ser madeira, vidro, metal ou pedra.
Pode ser forrado com uma toalha branca, representando a pureza e o Alá de Oxalá, pai de todos os orixás, senhor que governa nossa coroa e todos os ritos sagrados da Umbanda.
O QUE COLOCAR NO SEU ALTAR
Uma vela de 7 dias dedicada ao anjo guarda. Sugerimos utilizar uma proteção de vidro, pois não é incomum o celofane da vela pegar fogo.
Não é necessário que tenha imagens (estátuas). Porém, caso deseje colocar uma imagem, dê preferência a: Jesus Cristo (Oxalá), Virgem Maria (Iemanjá), anjo da guarda ou santos que sejam de sua devoção.
Estas imagens podem ser levadas ao terreiro para que possam ser cruzadas pelos guias chefes da casa.
Aos médiuns em desenvolvimento: não é aconselhável o uso de imagens de entidades não coroadas, pois as mesmas ainda não têm confirmação de nome.
Também não recomendamos colocar imagens de guias de terceiros, pois o ideal é que cada um cultue suas próprias entidades.
Não há contraindicação de colocar imagens dos guias chefes do terreiro, pois nossas entidades trabalham sob a hierarquia da casa, então não há um choque entre as bandas, havendo um respeito, cooperação e harmonia.
Outros itens que podem ser adicionados:
*Um copo de água em oferecimento ao anjo de guarda, a ser trocada em água corrente a cada semana
*Aos médiuns: uma pedra rolada de rio ou cahoeira para guardar as guias de trabalho. IMPORTANTE FAZER A PAGA AO RETIRAR A PEDRA NA NATUREZA
*Os patuás podem ser pendurados ou colocados em separadamente dos fios de trabalho.
*Flores e folhagens são sempre uma ótima forma de perfumar e elevar as energias do altar, trazendo beleza e vida.
*Demais elementos de fé e devoção podem ser adicionados: cristais, incensário para perfumar, retratos de santos, etc.
*As guias e pertences da esquerda devem ser guardados em outro local, juntamente com os trajes e samburás da esquerda.
*Os médiuns coroados também mantêm em seus altares seus jacutás consagrados.
QUARTINHAS
Em nossa tradição, as quartinhas (vasos de cerâmica ou barro) são utilizadas apenas após a coroação, pois elas passam por um processo de encantamento. Quartinhas não encantadas, neste sentido, são apenas vasos de água. Por isso, a qualquer simpatizante ou médium não coroado, substituímos a quartinha por copos de água. A água é oferta de vida a qualquer orixá e entidade, e ela mantém o altar limpo, absorvendo as energias do ambiente.
PARA QUEM POSSUI PRÁTICAS EM OUTROS SEGMENTOS
Recomenda-se não colocar no altar Umbandista elementos de outras práticas e cultos, devido à importância de manter no mesmo espaço as energias de trabalho próprias de cada prática. Caso tenha outras práticas ou devoções, é extremamente necessário separálas em outros altares destinados a cada fim.
LIMPEZA FÍSICA
É importante manter o altar limpo e renovado, com a troca de água semanal do copo e troca de flores mortas, remoção de ceras de velas, incenso queimado e grandes sujidades. Porém, não recomendamos fazer uma limpeza pesada toda semana. É importante que o altar descanse, repouse e aglutine energias.
Deve ser limpo e de toalhas trocadas quando você sentir que ele esteja pesado ou demasiadamente sujo. Pode ser limpo com alfazema diluída em água, assim como borrifar a alfazema sobre o altar frequentemente também o mantém perfumado.
LIMPEZA ENERGÉTICA
A limpeza energética é um reflexo da limpeza física, já que tudo é energia. Portanto, cuidar da limpeza de seu altar equivale a cuidar de sua energia. Após as devidas limpezas, pode-se acrescentar elementos de energias benfazejas, como incensos, alfazema, etc.
As imagens do altar podem ser limpas com pano seco ou úmido. Uma vez ano ano podem ser lavadas em uma imersão de água com açúcar. Uma vez cruzadas, elas não necessitam ser recruzadas.
CONCLUSÃO
A beleza de um altar reside em sua simplicidade, limpeza, zelo e carinho.. Logo, um altar luxuoso ou saturado de pertences não significa que esteja cumprindo sua função. Um altar é poderoso na medida em que o adepto devota DEDICAÇÃO E ZELO, mantendo-o limpo, organizado e alimentado com orações.
Texto: Mãe Aline Camargo, Tenda de Umbanda Caboclo Risca Fogo
Fotos: altares domésticos de médiuns da corrente mediúnica