Nem todo patuá é fio de contas, mas todo fio de contas é patuá. O patuá nada mais é do que um objeto protetivo. Pode ser cruzado (leia-se “consagrado”) ou não, seja pelas mãos de uma entidade incorporada, seja por benzimento, se oferecendo à entidade por reza, por vela, ou por mero sentimento e devoção.
Mas o fio de contas pode ser muito mais que proteção. É identidade, também. Organiza hierarquias (num contexto sistematizado), e também traz marcos ritualísticos (em ritos de passagens, como batismos e coroações).
E também é portal, como todo patuá. Nos ajuda em nossa conexão nos momentos em que precisamos, tem lastro energético e ainda tem o bônus de dar sinais quando a coisa não vai bem. Atua como quebra-mola, estoura para a pancada doer menos na gente, responde em trabalhos (positiva e negativamente), e responde até perguntas direcionadas em benzimentos.
Na nossa forma de Quimbanda, não existe a necessidade de uso, por parte das entidades. Justamente porque ela vem como um marco de sistematização da direita, sendo a esquerda livre em suas formas de organização (o que não significa desordem, ao contrário: significa que essa banda não foi sistematizada pelo homem branco, permanecendo sem a necessidade de rotulagens).
Os patuás tradicionais de esquerda são indicações feitas pelos guias aos médiuns. Coisas como: figa, cordão de ouro, anéis, lenço, chapéu, etc.
No entanto, devido a costumes, hoje em dia ofertamos fios a eles, e os aceitam. Mas nunca em condição de uma hierarquia imposta. E, sim, como presentes, pertences, ferramentas (por gosto) ou patuás aos cavalos (médiuns).