A Linha do Oriente na Umbanda

Hoje em dia é comum associar-se a Linha do Oriente exclusivamente aos povos ciganos. Porém, os ciganos “da direita” foram assimilados nos cultos umbandistas há poucas décadas.

Da forma que concebemos, cigano não é linha, mas falange. Originalmente, as denominações da falange cigana vieram pela esquerda, pelos exus e pombogiras ciganas.

É interessante que, além da etnia ser muitas vezes marginalizada, dentro dos próprios clãs existem os ciganos banidos e rejeitados.

Nas Umbandas com influência da Inicática (dos Primados do Mirim e Arranca Toco), a Linha do Oriente é chefiada por Xangô-Kaô, qualidade de Xangô do Oriente, sincretizado em São João Batista. A reza do Primado diz: “…que Xangô-Kaô, com seus profundos e místicos ensinamentos, vele por nossos trabalhos…”

Portanto, para nós, o batismo de Xangô-Kaô abre a coroa do médium para o conhecimento místico que vem do Oriente.

Assim sendo, a Linha do Oriente abarca todo conhecimento místico de povos da Antiguidade e do além mar. Por esse motivo, para nós, justamente a linha dos marinheiros é quem trouxe o povo do Oriente, e por isso ambas estão profundamente relacionadas.

É o marinheiro quem faz essa ponte entre culturas através das navegações e trocas com outros povos. O que prova isso é a presença de estrelas de Davi em muitos pontos riscados da linha d’água. A estrela de David e até o pentagrama representam simbolicamente a banda do Oriente.

Todos os povos que de alguma forma são alheios à nossa cultura e nos são “distantes”, são tidos como orientais.

Existem linhagens antigas de São Paulo que realizavam trabalhos do oriente já na década de 60. Talvez por alguma influência do Kardecismo brasileiro, que até onde sabemos, abriu espaço para povos do oriente, com manifestações das correntes de hindus, egípcios, etc.

Hoje em dia poucos conhecem de fato a linha, como foi cultuada no passado. Hoje associa-se apenas a ciganos ou à Fraternidade Branca, etc.

A giras do Oriente tradicionais são diferenciadas. Dificilmente há incorporações, as irradiações são mais comuns. Mas podem sim ocorrer, geralmente são silentes, não falam. Pode haver psicografia em outras línguas, passe e curas.

Outro ponto importante a destacar é o entrecruzamento da Linha do Oriente com a linha dos Pretos Velhos, pela falange de pretos velhos do Oriente, manifesta em entidades como Pai Jacó, de povoados nômades do deserto africano e dos negros malês em geral.

Salve a Linha do Oriente!
Saravá Xango-Kaô!

Mãe Aline Camargo, C.C.T.
Tenda de Umbanda Caboclo Risca Fogo
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